domingo, 17 de junho de 2012

BB: um banco público comprometido com os brasileiros?

Por Arcangela, Os funcionários do BB não têm dúvida de que trabalham em uma grande empresa, com uma estrutura sólida e que construiu, ao longo de duzentos anos, uma história de credibilidade e sucesso. Basta acessar o site www.bb.com.br - Relações com Investidores - Conheça o BB e verificar que os números são grandes, mas será que essa evolução da instituição deve caminhar apenas na direção da especulação em detrimento do investimento produtivo? A missão do BB mudou e a nova missão tem o seguinte texto: “Ser um banco competitivo e rentável, promover o desenvolvimento sustentável do Brasil e cumprir sua função pública com eficiência”. A nova missão tem a cara do BB 2.0, a reestruturação que desfigurou o banco, pois o seu modelo de desenvolvimento é baseado na segmentação de mercado, na competitividade desenfreada com metas abusivas e no desrespeito aos direitos dos trabalhadores. O banco desrespeita também seus clientes, “expulsando” de suas agências grande parte da população brasileira, pois sua estratégia é jogar para os correspondentes bancários a expressiva parcela da população com rendimentos abaixo de R$1.000,00. O segmento com renda entre R$1.000,00 e R$4.000,00 é atendido no segmento PF Varejo (Carteirão). Acima disso, o cliente conta com gerente personalizado, mas é incentivado a utilizar a internet ou o autoatendimento. Mas menina dos olhos do BB são os clientes Estilo, com a publicidade especialmente criada para este segmento. O banco fez a opção pelos mais ricos e não tem exercido o seu papel de banco público como a Caixa tem feito, sendo um instrumento de justiça social. Infelizmente, o banco fez a opção pela especulação, pela precarização do serviço à população mais baixa que é empurrada para o correspondente bancário. Em relação aos funcionários, o BB implantou a gestão do medo, da competitividade desenfreada, ainda expõe rankings nas agências numa política de exploração de seus funcionários, apesar da cláusula 35ª do acordo 2011/2012 firmado com os bancários. O BB anunciou um lucro recorde, mas o diretor de Relação com os Funcionários e Entidades Patrocinadas afirma que “não existem sobras no lucro do Banco e qualquer benefício significa aumento no dispêndio da Empresa”. O funcionalismo não quer sobras, quer o reconhecimento do seu trabalho, com reajustes dignos e PLR justa. Um estudo do DIEESE demonstra que o banco paga seus funcionários apenas com parte da receita de tarifas. Estranhamente, há dinheiro para o aumento do salário dos diretores e com certeza um bônus significativo se conseguir fechar o acordo com funcionários abaixo do que merecem. É sempre bom lembrar que o crescimento do lucro dos bancos sempre gira em torno de 20 a 25% e, no caso do BB, o lucro do primeiro semestre de 2011 foi de 40%. No mesmo boletim, o diretor cita os ganhos do funcionalismo no período de 2003 a 2010, o mesmo banco que nunca aceitou discutir as perdas no passado. Pois bem, falar do presente e do futuro sempre interessa aos funcionários, mas de forma respeitosa, estabelecendo negociação, praticando o “fortalecimento do diálogo”. Durante a greve, outras conquistas foram citadas no boletim BB como o abono assiduidade, acesso dos funcionários pós-1998 ao PAS, melhoria na PLR, criação do VCP-LER, plano odontológico (ainda capenga), licença maternidade de 180 dias, PCR, ampliação do quadro de pessoal, substituição dos primeiros gestores, mas esqueceu-se de mencionar que estas melhorias foram conquistadas com intensa mobilização dos funcionários (greve). Sem negociação, o funcionalismo é empurrado para greve. E fazer greve não é fácil, o desgaste é grande com noites mal dormidas e muito estresse, exige muita coragem. A exposição é grande, desconfortável, mas necessária e como não tem outro jeito, o instrumento de luta é sempre utilizado. A mudança na missão reflete uma alteração no comportamento da empresa que, agora, aposta na competitividade desenfreada que pode dar margem ao arrefecimento da ética. A história recente mostra que empresas movidas a competitividade extrema podem ir do estrelato ao fundo do poço, como aconteceu com empresa americana de energia ENRON, que começou o ano de 2001 como gigante do setor com faturamento de US$100,8 bilhões. Apostava no assédio moral, no ranking interno e na avaliação feita pelos próprios colegas. A princípio, as estratégias favoreceram a produtividade, depois ficou constatado que o sistema impulsionava mesmo eram fraudes para garantir uma boa posição interna. No final de 2001, fraudes que somavam US$13 bilhões engoliram a empresa (SUPERINTERESSANTE - edição nº 291, maio/2011). Roberto Heloani, psicólogo social e professor de gestão da FGV e da UNICAMP, afirma que “algumas companhias contratam pessoas tão agressivas e ambiciosas que acabam deixando para trás questões importantes do mundo da moral”. Já conhecemos algumas. O assédio moral é destrutivo, mas o “autoassédio” é pior, pois na ânsia de produzir resultados que mantenha o comissionamento, o funcionário acaba burlando valores que são importantes para ele, gerando assim o estresse (administrável no começo), depois a perda da autoestima se a pressão é intensa e por fim o adoecimento. E quando ele adoece é descomissionado, caso ultrapasse o prazo. Vale lembrar que o BB sinalizou, na negociação de 2011, a intenção de não renovar a trava para descomissionamento após três avaliações negativas. Como justificativa argumentou que alguns funcionários comissionados não respondiam à expectativa. Isso mostra que é o momento de criar mecanismos mais eficazes de seleção interna. Voltar com o instrumento da substituição, período de treinamento e avaliação do desempenho durante períodos curtos, mas suficientes para observação de competência e habilidades para gerenciar carteira e equipes. A lateralidade é mais uma forma de exploração. O funcionário assume o ônus, mas não o bônus. Estamos aguardando as negociações sobre o PCR e substituição, nas mesa temáticas. Só para lembrar, a antiga missão era: "ser a solução em serviços e intermediação financeira, atender às expectativas de clientes e acionistas, fortalecer o compromisso entre os funcionários e a empresa e contribuir para o desenvolvimento sustentável do país". A empresa precisa recuperar o compromisso com os funcionários que cumprem o seu papel, o crescimento do banco é a prova disso. Arcângela Salles é funcionária do BB e diretora do SINTRAF Zona da Mata e Sul de Minas

Compromisso com os trabalhadores e a sociedade

Ao ampliarmos nossa atuação em todos os setores da sociedade organizada, o Sintraf JF convocou na última semana assembleia para escolha de delegados em todas as esferas dos Congressos da CUT (Regional Zona da Mata, Estadual e Nacional) e na Fetraf/MG. Nestas assembléias, os bancários e bancárias foram unânimes em afirmar a necessidade de ampliarmos nossas representações nas diversas instâncias sindicais, políticas e sociais. Um dos presentes afirmou em sua fala que “o Sintraf JF precisa continuar fazendo um bom trabalho em defesa dos direitos dos bancários e bancárias, e também mostrar a sociedade que temos condições de oferecer nomes para representa-los nos poderes Executivo e Legislativo, além das instancias superiores as quais estamos filiados”. Desta forma, os companheiros e companheiras decidiram que apresentaríamos o nome do diretor de Bancos Públicos e funcionário do BB Watoira Oliveira para concorrer ao cargo de Presidente da CUT Regional, bem como Rogério Rossignoli, Tereza Cristina e Carlos Alberto de Paula (Paulista) para a composição da direção na gestão 2012/2015. Nesta mesma assembleia foi aclamado o nome do Secretário Geral do Sintraf JF e funcionário do Itaú Carlos Alberto de Freitas (Nunes) para compor a Diretoria Executiva da CUT/MG. Os diretores João Calegari (HSBC), Geraldo Estreng (Itaú) e Arcângela Salles (BB) foram também aclamados para comporem a nova diretoria da Fetraf/MG. Outra importante decisão foi a consolidação por parte da categoria em apoiar a candidatura do companheiro Wagner Freitas (Bradesco/SP e ex-presidente da Contraf/CUT) para presidente da CUT Nacional. É a primeira vez que os bancários poderão ocupar o cargo de presidente da Central Única dos Trabalhadores. O Sintraf JF, por meio de sua diretoria, vem buscando a ampliação de sua representação na sociedade organizada e suas entidades. Hoje o Sindicato possui cadeiras em vários Conselhos Municipais de Juiz de Fora, – Saúde, Emprego e Renda, Segurança Alimentar e Merenda Escolar – tudo com intuito de mostrar aos participantes que é possível fazer política social de forma diferente, mais atuante, coerente, responsável, humana e principalmente inclusiva. Pensando assim é que pouco a pouco conseguimos ampliar o número de legisladores nas assembleias pelo país afora e também no congresso nacional. Precisamos neste momento reconhecer o marasmo que vemos nos municípios, e desta forma buscar a mudança desta realidade, elegendo pessoas que possam levar as nossas reivindicações, ou melhor, pessoas que realmente nos representem nos poderes legislativo e executivo. Robson Marques é presidente do Sintraf JF e membro dos Conselhos Municipais de Emprego e Renda e de Saúde