Por que lutar?
No final de setembro, milhões de pessoas foram as ruas na Europa para protestar contra medidas restritivas impostas pela União Européia, que reduziram direitos trabalhistas e previdenciários. Segundo os sindicatos europeus, a sociedade não pode pagar pelos erros dos banqueiros que causaram a crise de 2008.
No Brasil, as greves e mobilizações eram comuns, sobretudo na primeira parte do século passado. Através delas conquistamos direitos sagrados como salário mínimo, o décimo terceiro, férias remuneradas, previdência social e todos os outros que hoje fazem parte da nossa estrutura legal. Estes “direitos” só foram possíveis por causa de pessoas que dedicaram sua vida pela causa do trabalhador, como o nosso querido Clodsmith Riani.
Atualmente, poucas categorias praticam uma luta nacional e unificada como a categoria bancária. Entregamos nossa pauta de reivindicações em agosto, onde reivindicamos um melhor contrato de trabalho e um sistema financeiro mais justo e regulamentado. Até hoje só foi proposta a reposição da inflação, e por isso entramos em greve.
A maioria das negociações salariais de 2010 garantiu ganho real de até 5%, por isso consideramos que tal proposta é insuficiente. Também reivindicamos a ampliação do horário de funcionamento das agências com a contratação de mais funcionários, a redução dos juros e tarifas através da regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal, mais segurança nas agências e o fim do assédio moral sobre os bancários. Nossa greve é consequência da indiferença dos banqueiros. Infelizmente, este é o único instrumento capaz de levá-los novamente a negociação.
A greve dos bancários não é apenas um simples movimento operário reivindicatório. Ela sinaliza para a população que é preciso lutar. Estamos diante de sérias ameaças, como a reforma na previdência, a reforma trabalhista e os constantes ataques aos aposentados. Para enfrentar estes e outros desafios impostos pelos governantes e pelo capital, defendemos que é necessária uma luta coletiva, independente, e a serviço do povo. Como diria Emilliano Zapata: “É melhor morrer de pé, do que viver de joelhos”.
Por Robson Marques